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Por que a moda masculina tem dificuldades de evoluir no Brasil?

Já parou para reparar que a moda masculina sempre fica em um espaço menor, com peças "mais do mesmo"?

Se não, repare só: em qualquer "mega-loja" os espaços de roupa e acessórios femininos ocupam em torno de 70% do espaço enquanto os 30% que restam são divididos em iguais partes para moda masculina e moda infantil. Além disso, se passearmos 20min no shopping, veremos uma quantidade absurda de lojas voltadas para o público feminino, enquanto as destinadas ao público masculino são raras.


Antes que você venha me cobrar que roupa é roupa, não tem gênero: eu sei e vou chegar lá, tá? Então enquanto isso, descansa militante e vem comigo nessa leitura.



Se observarmos do ponto de vista mercadológico, é claro que mulheres consomem mais. Quase 90% da publicidade está voltada para o público feminino. São hábitos culturais que impactam diretamente no "poder de consumo" e miram com precisão neste público. Tanto que até quando se trata de produtos masculinos, há uma linguagem, um tom de voz e toda uma psicologia voltada para a mulher. Ex: campanhas do dia dos pais. São as mães que compram os presentes.


Falei a pouco sobre os hábitos, certo? Pois é, eles são os norteadores dos criativos publicitários e isso tem raízes em um passado não muito distante onde considerava-se que: mulheres ficam em casa e tem tempo de gerir as necessidades da família enquanto os homens estão ocupados em seus trabalhos. Consegue perceber?

A real é que esse "sistema" de comunicação entrou em vício e isso está respingando no presente em que vivemos. Eu explico: marcas masculinas / genderless de primeira qualidade estão surgindo e lutando muito pra permanecer no mercado e criar voz com próprio público, mas os hábitos de consumo e olhar congelado sobre a relação do homem (independente de orientação sexual) com a moda são apenas dois dos muitos fatores que atrasam o crescimento.


Vale lembrar que o preconceito também baliza muito a criação de moda para homens, viu? Não dá para não levantar pautas e questões importantes como o machismo existente: por séculos as pessoas foram colocadas em caixinhas do "isso é de menino" ou "isso é de menina" e advinhem só o que estava na caixinha do "menino"? Um par de sapatenis (sem brincadeira!) , jeans reto, camisa e t-shirt. Com o passar dos anos houveram pequenas mudanças: o all star se popularizou e começou a compor looks masculinos também, abrindo caminho para outros tipos e estilos de tênis. Isso reflete até hoje nas criações e nos produtos que são ofertados, infelizmente.


O homem que deu vida às saias masculinas

Mas aqui meu trabalho/papel é te dar um refresh de que estilistas do passado ativaram o modo vanguardistas e criaram peças que rompiam esses estereótipos que hoje conhecemos como "hétero topster". Jean Paul Gaultier foi um desses designers que em 1985 pautou sua coleção em quebrar paradigmas para a moda masculina. No desfile da coleção "Et Dieu créa l"Homme" ele apresentou looks completamente fora do padrão esperado nas passarelas da alta moda. Vestiu o casting masculino de saias e kilts com modelagens diferentes, sem medo de críticas.

Corta para a atualidade: Gaultier (embora foque hoje muito mais no público feminino), permaneceu apostando em quebra de tabus, criou outras modelagens de saias masculinas e reeditou sua peça de sucesso, a camiseta navy para uma versão cropped masculina muito semelhante a que compartilhamos da @vistacarbono em nosso feed hoje.


Na tentativa de mudança e com a criação de uma contra-cultura, muitos estilistas jovens tem rompido padrões e apostado no combo estilo+genderless para ir além. Sim, as roupas tradicionais permanecerão existindo, tá? Tem quem compre! Mas visando um público que tem descoberto mais profundamente seu estilo pessoal e sua identidade, que tem valorizado design e criatividade e tem buscado por mais informação de moda no dia a dia, alguns estilistas tem colocado mais ousadia em suas criações.


Aqui no Brasil, André Namitala investiu tempo e talento para criar um mood diferenciado para o homem moderno. A frente da Handred, ele aposta em um estilo carioca leve, no design de peças que passeiam entre feminino e masculino com liberdade. Isso, é essa a palavra quando ouvimos falar em Handred!

Assim como André, outros estilistas e marcas tem criado peças com design rico e dinâmicas visuais que fogem do tradicional. Seria uma luz no fim do túnel? Bom, são criativos que estão aos poucos movimentando o mercado através de suas artes fazendo com que os antigos hábitos fiquem cada vez mais no passado, trabalhando em prol da liberade de usar o que se gosta, de se permitir a experimentar.


Deixarei aqui mais 3 marcas brasileiríssimas que apostam em um estilo autêntico e diferente!






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